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domingo, 16 de dezembro de 2012

"Cantinho do Emir" - Artigo de Everaldo Martins Filho

Publicado no blog do Jeso Carneiro:
por Everaldo Martins Filho (*)
 
O pescador aguarda pacientemente o peixe. Que a linha trisque, morda o anzol; a presa, a colheita. O poeta procura a palavra. Que se traduza, ilustre, descreva. Amiúde, uma letra.

O pescador tem a nobreza. E uma maleta de instrumentos de pescaria. E de alimentos para isca. Esses falsos, às vezes plásticos, outras metálicos. Ou verdadeiros, como minhoca, massa de pão em bolotas. Carne crua, farofa. Para enganar quem beliscar.

O poeta é amigo do livro e estuda a literatura, a língua. Fruta, galho, folha brasileira; de raiz portuguesa, a árvore. Tem a gramática na prateleira e o dicionário na algibeira. Mas é imenso o poeta, de delicadeza. É sensível, uma realeza. Porque torna terno e eterno a singeleza, o que nem se percebe logo que é belo.

Escreveu no jornal, em O Liberal, anos e anos, coluna dominical. Colaborador. O pescador tem o mar ou o lago, o rio e seu braço, e o infinito garimpo de águas e artes, coisas e louças. Antes do tucunaré, da piracaia. Assar peixe na praia, pescar.

O poeta tem a mãe, dona Didó, e o pai, Seu Vidal. Tem irmãos e irmãs. Tem a sua amada Berenice, odontologista, como ele. E os filhos, as filhas, e as queridas que lhe e os adotaram, como filhas, afilhadas, sobrinhas, amigas que uma vez vieram passar férias e ficaram.

O dr Emir e a Dra Beré. Tem ainda a pena, o poeta, um caderno, a máquina datilográfica. Ou quem sabe um notebook até. Mas gosta também do violão, de suas rimas, sua composição. Uma letra, quantas músicas?

Muitas. Quando lhe vem a inspiração, que não para. Porque amor, amizade, paixão, romance, opinião, não acaba. Curiosidade, conhecimento, ciência, aventura na infância, na juventude, não falta.

Salve Maestro Isoca, Dororó, Miguel Campos e Dom Tiago! Salve a fé do dr Emir, dentista, poeta e pescador, além de seresteiro, contador de causos, sempre de bom humor. Na hora de partir, acho que volta pra sua Belterra de criança, de Bemerguy, a família, a seringa, o Aramanaí. Da estrada oito, da vila mensalista, dos norte-americanos, da torcida pro ABC ou pro União, antigos times de Belterra, do coração. Como o São Francisco, de Santarém, pra quem fez o hino azulino, o Leão.

Lá vai o poeta. Guarda-chuva na mão, por prevenção. Mais fácil sandália alpargatas do que sapato. Camisa pra fora, nada de cinto não. E se pudesse, ao invés de calça, short ou calção. Sai da Floriano Peixoto, endereço de décadas, caminha pra esquerda. Direto pra igreja. Vai rezar na missa, dar a comunhão, na Matriz. Ouvir sermão.
É um homem feliz.

Ou pega à direita, sobe a serra da fortaleza, desce. E atravessa a praça do Barão e de São Sebastião. Vai pegar avium com o tio Lili. Em frente da casa dos pais, na rua do Imperador, no tempo da cheia.

Com um puçá, vai pescar. Depois embarca na montaria, na catraia. Pega o remo. É piloto, o pescador. E trovador, o remador. Navega o poeta. Canoa à vela, no rumo do céu. De Nossa Senhora da Conceição, de Jesus, do Pai. Porque se o mano Emir não estiver no paraíso, diz Ércio Bemerguy (diz isso ou quase isso) estamos todos os humanos fritos. O poeta pescou a eternidade. Paz, enfim. Adeus!

E não se esqueça de dizer o recado, ministro da palavra e da eucaristia. Dos seus, pra Deus. ELE vai ouvi-lo.
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* Santareno, é médico, cantor e compositor. É secretário municipal na gestão da prefeita Maria do Carmo, sua irmã.

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