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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Vale a pena ler: Nós, mulheres!


Mulheres / Obra de Erico Santos
Por Tais Luso de Carvalho, em seu blog:
Se todas nós fôssemos belas, simpáticas e atraentes; se fôssemos ótimas amantes e profissionais bem-sucedidas; se cuidássemos dos filhos, do marido, da casa, do jardim, da sogra, da empregada e ainda fizéssemos parte de algum voluntariado… poxa vida, seríamos fantásticas!

Pois é, mas não estamos com toda essa bolinha apesar de sermos bombardeadas por uma mídia que apela para sermos a Mulher-Maravilha – custe o que custar. Mesmo assim, sem muita estrutura para aguentarmos tal imposição, saímos desatinadas à procura da academia mais próxima e de uma clínica que nos ofereça o pacote milagroso, ou seja, a promessa de virarmos um mulherão, pelo menos em termos de beleza.

Malhamos como loucas, e, muitas vezes, saímos da academia com a sensação de termos virado uma Barbie: mulher tem de ser magra, esquelética, mas com a musculatura definida nas pernas, tipo jogador de futebol, o legítimo samba do crioulo doido. E não adianta contrariar, há anos que já estamos com a cabeça feita.

Está tudo à nossa disposição, desde umas aulinhas cafonas, ensinando como sermos mais sensuais, até um festival de implantes de silicone. Mas sensualidade não se aprende, é algo espontâneo. Cada mulher tem a sua peculiaridade; se não agradar aos gregos, agradará aos troianos. Que aflição!

O cuidado com nosso corpo é necessário, mas parece que perdemos o sentido exato das coisas. Estamos parecidas com robôs: cabelos iguais, lisos e repartidos; barrigas à mostra de todos os tamanhos e formas; muito silicone alterando medidas equilibradas e uma boa dose de Botox nos impedindo de sorrir, travando nossa expressão facial. Então fica uma coisa meio desfolhada, prestes a despencar.

Enfim, estamos uniformizadas; parece que fazemos parte de uma única escola, tudo cai bem para todas: o que a magra veste, a gorducha abocanha. E mais: temos ainda como opção, a lipoescultura. Essa intervenção nos dá, de imediato, o contorno corporal adequado. Fantástico. Mas nada contra a lipoescultura: falo do exagero. E falo daqueles peitinhos horrorosos, exagerados, que carregam frágeis criaturas parecendo embuchadas. Não há harmonia. Difícil esse quesito.

Depois de estarmos belas e formosas, de termos comido o pão que o diabo amassou, saímos a desfilar na companhia do nosso barrigudinho. Mas sendo homem, tá feito o embrulho; maravilha! E não tem jeito: haverá sempre um atenuante para esses lindos barrigudinhos, pois mulher quando gosta, fecha os olhos. É uma atitude singular. Somos diferenciadas: trazemos à nossa vida amorosa, aquela coisa de mãe, gostamos apesar de. É uma virtude. E por isso é que muitos andam tão à vontade, tão descuidados.

Porém o contrário raramente ocorre: A gorducha tem namorado? Bá…deu: o cara pirou, tá doente!

Mas, apesar dessas firulas, podemos nos orgulhar diante da nossa luta pela emancipação. A nossa verdadeira história é marcada a ferro e fogo à procura de mais espaço, seja na política, na literatura ou em outras áreas. Somos um exército avançando e tomando posse do que nos é devido. Nada mais justo.

Porém…

Bom seria se fôssemos reconhecidas pelo que escrevemos ou falamos e não por termos lábios carnudos, peitos enormes e bumbum empinado.

Bom seria se fôssemos reconhecidas como profissionais capacitadas nas áreas técnicas com o mesmo reconhecimento e remuneração dispensada aos homens.

Bom seria se, após uma vida de trabalho, não sentíssemos o desconforto por estarmos aposentadas e o vazio de uma vida vista como improdutiva.

Bom seria se fosse reconhecido o nosso espírito de abnegação – muito presente nas mulheres.

Bom seria se, na velhice, fôssemos cercadas de atenções, de paciência e de amor.

Bom seria, se tivéssemos o reconhecimento dos filhos, como mães amorosas que tentaram acertar.

Mas ótimo seria se, na condição de mulher, não precisássemos matar um leão por dia para provar do que somos capazes.

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