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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Collor aconselha Dilma: ‘saiba ouvir o Parlamento’

Foto: Sheyla Leal/ Agência Senado (14/04/2014):  
Reeleito senador pelo PTB de Alagoas, o ex-presidente da República Fernando Collor aconselha a presidente Dilma Rousseff a ouvir o Parlamento em sua segunda gestão. Segundo ele, a fluidez do diálogo institucional e o respeito à independência dos Poderes é que vão “pavimentar a correta leitura das circunstâncias que envolvem o ato de governar”. Leia abaixo:
Sentido da realidade
Ao reassumir o poder, será hora de a presidenta absorver o sentido da realidade da população, sem retóricas de ocasião ou mágoa política

O amadurecimento político com a redemocratização brasileira, a partir da nova Constituição, e a experiência pessoal como primeiro presidente da República eleito diretamente pela população após o fim do regime militar me permitem elencar três requisitos essenciais para que a presidenta reeleita Dilma Rousseff continue sem percalços seu segundo mandato.

Primeiro, que assimile ainda mais a postura estadista que exige, além de serenidade e liturgia, o conhecimento da relação direta entre as possibilidades da ação política e as reais circunstâncias que a determinam. Trata-se do sentido da realidade que deve nortear os programas de governo e a atuação política para viabilizá-los. Ou seja, a capacidade de assimilar a realidade e o ambiente político como são, e não como deveriam ser.

Sem dúvida, os ensinamentos do seu primeiro mandato permitirão à presidenta aperfeiçoar esse fator.

Um segundo requisito para que a presidenta não se torne apenas uma gerente do país, e sim uma estadista com visão de longo prazo, é a leitura correta do cenário internacional para perceber que o mundo estagnou à espera de um novo concerto das nações e de um premente conserto de suas noções, tanto no campo da diplomacia como no terreno das relações comerciais.

A inserção do Brasil como "global player", a quebra de reservas e monopólios e a abertura do mercado que promovi a partir de 1990 foram possíveis por essa condição.

O eleitor enviou o recado de que o Brasil de hoje clama mais por políticas realistas e planejadas do que por ações ideológicas e improvisadas. É aí que surge o terceiro e principal requisito à chefe do Executivo: relacionar-se adequada e permanentemente com os demais Poderes e saber ouvir o que o Parlamento tem a dizer.

Só assim discernirá factualmente as reais e iminentes demandas da sociedade expressadas pelos seus legítimos representantes.

Aprendi que a sintonia entre Executivo e Legislativo, a fluidez do diálogo institucional, o respeito à independência dos Poderes e a busca pela harmonia entre eles é que vão pavimentar a correta leitura das circunstâncias que envolvem o ato de governar. É certo que a presidenta reeleita também já percebeu isso e saberá mais ainda cumprir esse salutar convívio democrático.

As mensagens, expectativas e aspirações do eleitor foram transmitidas às autoridades nos últimos tempos. Ao reassumir o poder, será hora de a presidenta reconhecer com franqueza e absorver com humildade aquele sentido da realidade na sua mais profunda essência, sem retóricas de ocasião, debates ideológicos ou mágoa política.

Educação e infraestrutura eficazes; enxugamento do Estado, planejamento e desburocratização; previsibilidade das regras e respeito aos contratos; equilíbrio econômico e fiscal, descentralização e simplificação tributária, além de transparência política e respeito às instituições são remédios mais do que conhecidos para a enfermidade brasileira.

Mas para aplicá-los corretamente o país precisa, antes, de um plano de ação imediato que viabilize um projeto duradouro de nação. Sinto ser esse o maior desafio, a mais intrigante missão que a presidenta Dilma Rousseff terá de enfrentar, impreterivelmente.

Assim, não poderá insistir em eventuais erros das atuais políticas econômica e externa. A real política, na sua mais pura acepção, e o diálogo franco com o Parlamento é que sustentarão o sentido da verdade dos fatos. Com isso, a presidenta poderá reconhecer a singularidade de cada problema para, então, planejar e imprimir sua própria ação singular.

Por fim, pela prática dos diversos mandatos que exerci, uma última palavra cabe ser dita, sob a inspiração de Edmund Burke: "Quando desejardes agradar a qualquer povo, deveis dar-lhe o benefício que ele pede, e não aquilo que pensais que é melhor para ele".

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