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terça-feira, 28 de julho de 2015

Carta a Stanislaw Ponte Preta

Capa do livro 'Febeapá', de Sérgio Porto
 Capa do livro 'Febeapá', de Sérgio Porto
Por Mario Prata - Estadão
Você foi morrer em 1968, com apenas 45 anos, cara. Não pegou nem o AI-5. Você perdeu o melhor do golpe de 64. Não pode fazer ideia do que rolou depois da tua morte. Mas não quero falar nos militares daquela época porque a coisa ficou muito feia.

Prefiro falar das “Certinhas do Lalau”, aquelas mocinhas de biquíni que ornavam suas colunas: Irma Alvarez, Anilza Leoni, Joana Fomm e tantas outras. Hoje, não existem mais certinhas. Inventaram de colocar silicone (acho que no teu tempo nem silicone existia, vem do petróleo) e agora elas andam com uma espécie de queijo Palmira onde existiam seios. Tem jogador de futebol (só com o nome Ronaldo, temos três) que nunca pegou num seio daqueles das suas certinhas, com aquele caimento, “em forma de pena, com uma certa penugem”, como diria Machado... Deixa pra lá.

No momento, estamos em crise no País. Uns dizem que é uma crise econômica, outros que é uma crise política, você diria que é uma Crise do Ódio. Dizem os azuis que o placar está de 91 a 9 para eles contra os vermelhos, que elegeram uma presidente (imagina, Lalau, uma mulher na presidência!). Mas acho um pouco de exagero o placar de 91 a 9. Deve ser porque as pessoas ainda estão com os 7 a 1 na cabeça. Não, melhor você não saber que placar foi este. Sabia que os últimos quatro técnicos da nossa seleção foram gaúchos? Cismaram que os do pampa entendem. No seu tempo, entendido era outra coisa, né?

E, por falar em futebol, não se pratica mais o esporte no Brasil. Os bons jogadores foram todos para Europa, Ásia ou Estados Unidos. Os que ficaram aqui, praticam uma espécie de vôlei com os pés. A equipe da direita chuta a bola para o lado da equipe da esquerda. Esta retribui. Igualzinho vôlei, sabe? E, quando uma das equipes faz um gol, a partida passa a ser jogada só do lado da que está vencendo. Vôlei de grama. E tem gente ganhando R$ 500 mil por mês para jogar vôlei na grama. Isso, aqui no Brasil. Na Europa, se joga futebol. A gente vê pela televisão.

Por falar naquela Crise do Ódio citada lá em cima, tem um personagem que você iria adorar. Ele não tem nome. É conhecido como “Filho do Lula”. Um personagem e tanto. Ele é dono do maior Frigorífico do Brasil, foi ele quem inventou a tomada de três pinos, tem cinco milhões de cabeças de gado dentro de uma cobertura triplex no Guarujá, é dono do Flamengo, das sandálias Havaianas, do Parque do Ibirapuera, acionista majoritário de uma revista e tem oito mulheres. Você ia adorar o rapaz. Não sabe quem é o Lula? Um carinha que, como você, amava os Beatles e os Rolling Stones.

E as músicas, Sérgio? Agora é só sertanejo. Mas tem o sertanejo universitário, o sertanejo de breque, o sertanejo blues, o sertanejo do apocalipse. Só não tem sertanejo do sertão. Lá continua a boa música caipira e de viola.

Você ia adorar os templos evangélicos. O pastor pede dinheiro e todo mundo dá. Deposita em prestações, com juros, ágio. Com boleto, tudo legal. Fazem neguinho jogar a muleta e andar no palco, tiram demônio do corpo das mocinhas vadias. Tudo isto pela televisão (agora em cores), em horário nobre. E ninguém do governo fala nada. E tem mais, as igrejas não pagam imposto de renda. Eu sei que você não acredita. E ninguém fala nada também.

No Congresso Nacional, continua a discussão sobre casamento gay (ah, gay tinha outro nome no seu tempo). Mas ninguém proibiu casamento de evangélicos. Ainda.

Continuamos sem saber como enfrentar os problemas. Aumenta a criminalidade, o governo faz mais presídios em vez de escolas. Agora, estão abaixando a maioria penal para 16 anos. Estou só esperando um filhinho de papai de 16 anos ser preso para ver a m... que vai dar. Porque os a favor da lei pensaram só em negros e pardos. Os filhos dos políticos vão poder continuar a colocar fogo em índios? Sim, Lalau, é uma brincadeira que fazem em Brasília. É de morrer de rir...

Você foi embora muito cedo, Sérgio. Depois que você morreu, o Festival de Besteiras Que Assola o País ficou muito melhor. A cada ano se supera. 2015 ainda nos vai surpreender muito com todos os nossos políticos com silicone no lugar do cérebro.

Sabia que agora negro se chama afro-brasileiro? Invenção americana, é claro. Sim, continua valendo a máxima “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. E, por falar em invenção americana, não vou nem comentar o negócio das cotas nas universidades. É de arrebentar o suspensório de tanto rir.

Darei notícias! Abração na tia Zulmira.

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