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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Desvendados cinco mitos sobre o amor

Psicólogos, biólogos, economistas e antropólogos estão investigando o papel do amor em nossas vidas e em nossa cultura
No Estadão
Poetas escrevem sobre o amor há milênios, mas apenas recentemente o assunto se tornou objeto de pesquisas científicas sérias. Verificou-se que os poetas acertaram bastante (por exemplo, a metáfora do amor como uma espécie de loucura ganhou crédito quando um estudo descobriu uma semelhança entre o amor romântico e a desordem obsessivo-compulsiva). Mas ainda temos muito que aprender. Talvez, o amor seja sempre, de alguma forma, um mito, mas vale a pena desfazer algumas de nossas ideias mais ultrapassadas sobre a questão.

1. As mulheres são mais românticas do que os homens
A premissa central de muitas colunas de aconselhamento sentimental é que as mulheres precisam de mais romance e cabe aos homens, essas criaturas sem noção e loucas por sexo, proporcioná-lo às mulheres.

Mas pesquisas mostram uma história diferente. Estudo do site Match.com com solteiros norte-americanos descobriu que 59% dos homens acreditam em amor à primeira vista, comparados a 49% das mulheres que têm a mesma crença. A antropóloga biológica Helen Fisher diz que isso acontece porque os homens são mais visualmente orientados. "Eles veem uma mulher que é atraente fisicamente e acionam o sistema do amor romântico rapidamente."

Outro estudo mostrou que os homens são mais propensos a concordar com frases como "há apenas um amor verdadeiro para mim" e "se eu amar alguém, sei que posso fazer nosso relacionamento funcionar, independentemente de qualquer obstáculo". Segundo os pesquisadores, o fato de os homens serem mais propensos a idealizar seus relacionamentos e parceiras românticas "pode refletir os papéis diferentes que homens e mulheres têm numa estrutura social mais ampla". Em outras palavras os homens, que historicamente tiveram mais liberdade social e econômica do que as mulheres, podem também ser menos pragmáticos sobre amor e casamento.

2. A monogamia é uma construção social
Todas nós temos aquela amiga que sai com uma série de caras legais, mas não consegue ser fiel. "A monogamia é algo inventado", protesta ela. Notícias divulgadas em várias publicações corroboram esta afirmação. A revista Psychology Today afirma que "há falhas na prática da monogamia hoje em dia, problemas encobertos por uma cultura sem vontade de fazer perguntas importantes sobre a prática". O site Salon.com garbosamente postula que "talvez a monogamia não seja natural!" Até mesmo o conselheiro sexual Dan Savage já fez a afirmação.

Mas "natural" é uma palavra um pouco traiçoeira. A verdade é que nosso relacionamento com a monogamia é complexo. Biólogos acreditam que cerca de 3% a 5% das espécies de mamíferos são monogâmicas, o que inclui os humanos.

Os monogâmicos mais famosos do reino animal são uns roedores fofos chamados arganazes do campo. Eles são companheiros para a vida toda, além de pais amorosos, mas seus primos próximos, as ratazanas do prado, são promíscuas. As semelhanças entre essas duas criaturas ajudaram os cientistas a identificar uma base biológica para a monogamia que também é encontrada nos humanos.

Mas Savage não está totalmente errado: os arganazes do campo são socialmente monogâmicos mas, como nós, alguns não se adaptam à monogamia sexual. Cerca de 10% dos bebês arzanazes do campo nascem de pais que não vivem no ninho. Os dados sobre a monogamia sexual humana são notoriamente não confiáveis (na medida em que a não monogamia pode incluir situações que vão da infidelidade ao poliamor), mas em um estudo, 5% dos participantes praticavam não monogamia consensual.

Provavelmente, nossas preferências são determinadas tanto por nossa biologia quanto por nossa cultura: "o sistema de acasalamento dos humanos é extremamente flexível", diz o antropólogo Bernard Chapais, lembrando que muitos arranjos românticos - da monogania à poligamia - vem funcionando para nossa espécie há anos.

3. Amor romântico intenso dura apenas um ano ou dois
Durante anos, biólogos evolucionistas sugeriram que o amor romântico intenso dura apenas o suficiente para que os parceiros se conheçam, se casem e eduquem uma crianças até a primeira infância. Fisher refere-se a isso como a "coceira dos quatro anos". Depois disso, o entusiasmo e o interesse sexual diminuem e os parceiro ou se separam ou desenvolvem um amor mais moderado e companheiro.

Mas uma pesquisa recente, da qual Fisher foi coautor, sugere que para alguns de nós o amor romântico intenso pode durar décadas. A neurocientista Bianca P. Acevedo e o psicólogo Arthur Aron colocaram 17 voluntários numa máquina de ressonância magnética funcional. Todos estavam em relacionamentos de longo prazo e sexualmente monogâmicos e todos relataram que nunca perderam aquela chama inicial. De acordo com o resultado dos exames, os cérebros desses amantes de longo prazo lembram de perto aqueles casais recém apaixonados, mas com um grande benefício: os parceiros de longo prazo não demonstraram atividade nas partes do cérebro associadas à obsessão e à ansiedade que sentimos no início da paixão. Os cientistas não têm certeza da razão pela qual isso acontece, mas pode ter a ver com o fato de que os casais que participaram do estudo tinham um nível de serotonina - o neurotransmissor que, acredita-se, faz a gestão do nosso humor - particularmente alto.

4. Os opostos se atraem
Romeu e Julieta apaixonaram-se loucamente, apesar do fato de suas famílias estarem em guerra. Um empresário de Los Angeles deixou de lado seus vícios por uma prostituta com coração de ouro. Uma formosa jovem aprende a amar uma fera que aprisionou seu pai. Algumas de nossas melhores histórias descrevem o amor que transcende as fronteiras de classe, raça e até mesmo espécie, mas com que frequência isso acontece na vida real?

Embora existam alguns exemplos de amores improváveis, as probabilidades realmente indicam que você tem mais possibilidade de ficar junto com alguém que é muito parecido com você. Em seu livro "Falling in Love: Why We Chosse the Lovers We Choose" ("Apaixonando-se: por que escolhemos os amantes que escolhemos", em tradução livre), Ayala Pines diz que o fato que mais prediz quem nós amamos é a proximidade. Ela cita um estudo que descobriu que "54% dos casais eram separados por uma distância de 16 quarteirões ou menos quando saíram juntos pela primeira vez". Uma pesquisa do Pew Research Center concluiu que, embora casamentos inter-raciais estejam aumentando, em 2008 apenas 8% dos casamentos nos Estados Unidos eram entre integrantes de diferentes grupos raciais ou étnicos. Os casamentos inter-religiões também estão em alta, mas 61% de nós escolhe seu cônjuge na mesma religião. A revista The Economist assinala que somos cada vez mais propensos a nos unir de acordo com níveis de renda e educação.

Tudo isso faz sentido: gostamos de pessoas que são como nós. Mas o psicólogo Ty Tashiro argumenta que deveríamos "repensar nossas visões sobre o que realmente importa num parceiro". Ele diz que traços de personalidade (como amabilidade e bondade) têm uma influência muito maior na felicidade no longo prazo do que a demografia.

5. Quando você encontrar a pessoa certa, sua vida ficará completa
Jerry Maguire certamente não foi o primeiro a sugerir que o amor verdadeiro significa encontrar alguém que "completa você". Mas ele pode ser a voz de uma geração que espera demais dos relacionamentos. Como o psicólogo Eli Finkel explica, entramos numa era de "casamento autoexpressivo", em que contamos com nossos relacionamentos para nossa autoestima e crescimento pessoal".

Na verdade, porém, a maioria de nós não encontra o par "perfeito". E não há nada de errado nisso. Na verdade, estar com sua "alma gêmea" pode fazer você menos feliz no longo prazo. Um estudo sugere que as pessoas que acreditam no conceito tendem a ser menos comprometidas com seus parceiros. Elas são também mais ansiosas nos relacionamentos e menos indulgentes com os parceiros. Além disso, não precisamos de um parceiro com o qual nunca discutimos. As discussões não inevitáveis. O psicólogo John Gottman assinala que mesmo os relacionamentos mais felizes têm conflitos insolúveis.

Segundo Gottman, não há problemas em ter conflitos, contanto que a questão seja complementada por bondade e empatia.

Os dados são bastante claros ao dizer que a busca pelo parceiro perfeito provavelmente nos deixará desapontados, mas a ideia central é simples: o amor verdadeiro exige trabalho e profunda empatia. E aqueles de nós que buscam a satisfação tanto dentro quanto fora de nossos relacionamentos estão propensos a serem os mais sortudos no amor.

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