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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O bolso e o coração

Editorial - Folha de SP
Variam, conforme a cultura política de cada país, as reações e o interesse que desperta a vida particular das personalidades públicas.

Nos Estados Unidos, a imagem presidencial se constrói de modo a contentar um ideal doméstico de classe média. Sabe-se o nome do cãozinho da família, a Casa Branca é ao mesmo tempo residência e sede administrativa, fotógrafos se dedicam a registrar momentos em que o presidente vive como simples pai e marido.

Adquirem poder de especial comoção, portanto, as revelações –e, mais ainda, os negaceios– de algum envolvimento extraconjugal do chefe de Estado. Na França, um exemplo oposto, aventuras românticas e adultérios longamente mantidos se recebem com indiferença, quando líderes de Estado cedem a seus riscos e tentações.

Um pouco entre uma coisa e outra, o Brasil consegue chegar a uma espécie de equilíbrio no tratamento desse tema pela opinião pública.

Casos extraconjugais de políticos e governantes, não raro resultando em filhos fora do casamento, são vistos com moderada curiosidade. Para que se transformem em escândalo, outros ingredientes são necessários –e, sem dúvida, não faltam.

Há alguns anos, tornou-se rumoroso o envolvimento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) com a jornalista Mônica Veloso.

A acusação de que o funcionário de uma empreiteira havia se encarregado de pagar a pensão devida por Renan à jornalista, com quem tivera um filho, por pouco não determinou a cassação do peemedebista por seus colegas do Senado.

De peripécia amorosa, o assunto passou a ter implicações para o bolso dos contribuintes e para a estrutura, que se quer impessoal, dos negócios públicos. É neste ponto, na visão desta Folha, que cumpre aos meios de comunicação iluminar o que se passa.

Do mesmo modo, as declarações da jornalista Miriam Dutra a respeito de seu romance com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teriam pouco mais que um vago interesse histórico, não fosse a denúncia que as acompanha.

A jornalista apresentou contrato que firmou em 2002 com a empresa Brasif, dedicada à gestão de lojas de duty-free, para um trabalho que diz não ter realizado –seria uma forma de disfarçar remessas de dinheiro que FHC teria endereçado à jornalista, em benefício do filho desta.

Tanto o ex-presidente como a empresa negam tal finalidade, mas restam dúvidas razoáveis sobre as circunstâncias do contrato.

É esse o aspecto que cumpre esclarecer, não importando para ninguém o que este ou aquele político faz de sua vida amorosa. O bolso, parodiando Pascal, tem razões que o coração desconhece.

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