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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Vale a pena ler: Xadrez da cassação

Por André Singer - colunista do jornal Folha de SP
A espetacular prisão de João Santana, em timing cada vez mais calculado, joga, não por acaso, lenha grossa na fogueira de novas eleições para presidente e vice este ano. Apanha Dilma em curso de perigoso isolamento, ao mesmo tempo em que a alternativa do impeachment continua queimada pelos erros de Michel Temer e pela imagem de Eduardo Cunha. Nesse contexto, a "operação derruba chapa" procura pressionar o frágil colegiado do TSE a cassar os vitoriosos em 2014.

A estratégia dos enxadristas da Lava Jato combina duas linhas de força. De um lado, plantam devagar cerco que imobiliza o ex-presidente Lula. De outro, avançam rápido na direção de comprometer a presidente da República. Lembro que o anterior fato espetaculoso, também preparado com esmero, foi a prisão "em flagrante" do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral. Ressalte-se: do governo.

Os erros que Dilma comete contribuem para a eficácia da estratégia. Na medida que o ex-presidente fica na berlinda, aumenta a tentação da atual mandatária salvar-se por conta própria. Há indícios de que o Planalto cedeu à ilusão de que se cumprir o programa liberal completo receberá salvo conduto para cumprir o resto do mandato, mesmo que Lula e o PT se estrepem.

Trata-se de miopia. Quanto maiores forem as concessões, maiores serão as exigências, sem qualquer apoio sólido em troca. Basta ver o que foi o programa do PMDB, que pretende liderar a reforma liberalizante, anteontem na TV. O partido se colocou de maneira aberta a favor da solução argentina, com Temer procurando aparecer como o Macri brasileiro. Dilma que se estoure.

A detenção de Santana, como era de se esperar, reativou a pressão pró-impeachment dos peemedebistas, que daria lugar a um governo Temer. Ocorre que, além do percalço menor da desastrada carta sentimental do vice em novembro passado, o navio do PMDB também está torpedeado pela Lava Jato. A presença destacada de Cunha no horário político desmonta toda a credibilidade do peemedebismo.

Ao separar-se de Lula, Dilma serra o galho no qual está precariamente sentada. A ameaça de conter os aumentos do salário mínimo e de reduzir a participação da Petrobras no pré-sal alienam os últimos redutos de apoio à presidente reeleita. Consultado, o antigo mandatário não a deixaria bater de frente com os movimentos sociais. Não será surpresa, se a presidente adotar a defesa de que, se houve problemas nas contas da campanha, elas seriam de responsabilidade do PT, sem que ela nada soubesse. Completaria, assim, o isolamento em que se meteu, sem perceber que o lance seguinte consistiria no xeque-mate.

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