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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Esquizofrenia amazônica

Editorial - Folha de SP
O governo Michel Temer (PMDB) mexe com fogo na Amazônia. Sob pressão da bancada ruralista, inclina-se a rever unidades de conservação (UCs) já instituídas, comprometendo medida das mais eficazes para conter o desmatamento.

Como se viu em administrações anteriores, o primeiro escalão se divide na matéria. De um lado, o Ministério do Meio Ambiente trabalha pela preservação das florestas. De outro, pastas de maior peso —Agricultura, Minas e Energia, se não a Casa Civil— se dedicam a solapar seus esforços.

No momento, parlamentares negociam diretamente com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), a amputação de UCs no Amazonas e no Pará.

Pelo projeto de lei em gestação, sofreriam poda a reserva biológica Manicoré, o parque nacional Acari e as florestas nacionais Aripuanã e Urupadi. Com a adicional extinção da área de proteção ambiental Campos de Manicoré, o território total a perder proteção seria de 10.763 km², algo como metade do Estado de Sergipe.

As reservas naturais haviam sido criadas por decreto da presidente Dilma Rousseff (PT), um dia antes de seu afastamento pelo Senado. Todas elas se encontram na zona de influência da BR-319 (Manaus-Porto Velho), uma das mais ativas frentes de devastação florestal.

O desmatamento na Amazônia, que deu um salto de 29% em 2016, avançou com vigor ainda maior no Amazonas, onde subiu 54%, de acordo com dados de satélite. O Estado perdeu 1.099 km² de matas no ano, contra 712 km² em 2015. 
 
A eventual diminuição da área protegida ali daria aos proprietários rurais o mesmo sinal emitido pelo governo Temer em dezembro, quando a floresta nacional do Jamanxim (PA) perdeu mais da metade da superfície original: seus pleitos contra a imobilização de terras florestadas serão atendidos.

Constrangedor é ver o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV), alijado pelo próprio Planalto dessa negociação.

"Em relação às discussões entre parlamentares e a Casa Civil para redução de 65% das áreas das unidades de conservação (...), o Ministério do Meio Ambiente informa que ainda não foi convidado para reuniões", diz nota oficial.

"Tão logo seja informado oficialmente irá se pronunciar. (...) Qualquer alteração de área em unidades de conservação depende de análise técnica."

Um presidente com pulso não toleraria tamanha demonstração de descompasso entre seus ministros. A não ser, claro, que um deles já conte com seu beneplácito.

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