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sábado, 15 de abril de 2017

Lava-pés aos detentos: por que eles e não eu?

O Papa Francisco repetiu o gesto de Jesus Cristo com prisioneiros da Casa de Detenção de Paliano
Por que eles e não eu? Esta é a frase recorrente do Papa Francisco quando passa diante de uma prisão e que foi repetida mais uma vez na Quinta-feira Santa (13), na missa da Ceia do Senhor.

Trata-se da terceira vez que o Pontífice escolhe lavar os pés dos detentos – uma decisão significativa e insistente, com uma mensagem clara. Quem nos ajuda a entender é o vice-coordenador da Pastoral Carcerária Nacional, Pe. Gianfranco Graziola:

Papa Francisco escolheu de celebrar novamente o lava pés num cárcere que desta vez foi o de Paliano, na província de Frosinone e na diocese de Palestrina, proximidades de Roma.

Muitos criticam Francisco por esta sua atitude e chega a afirmar que ele deveria fazer como seus predecessores uma pomposa e solene celebração na basílica de São João em Latrão, sede do bispo de Roma e aí fazer o lava pés das vítimas como rezaria o copião de nossa sociedade que, mais uma vez se deixa guiar por seu espírito seletivo, excludente, classista.

Papa Francisco, muitas vezes tem afirmado que a fé não é uma ideologia bonita, mas uma pessoa e, esta pessoa, que se chama Jesus é quem nós devemos seguir. Os evangelhos nos dizem claramente quem Ele teve como seguidores: um punhado de homens que muitas vezes viviam brigando pelo poder, algumas mulheres, entre elas prostitutas, pecadoras, samaritanas, e até um doutor da lei, como Nicodemos buscando dar sentido à fé vazia do templo, e no momento mais significativo de sua vida dois malfeitores, um dos quais lhe pede de entrar com Ele no Reino dos céus.

Mas Francisco, Bispo de Roma, mais uma vez nos provoca indo além dos simples chavões e clamores midiáticos para nos fazer tocar com mão a dor e o mal provocados pelo sistema econômico, onde o sensacionalismo de um mercado iníquo e satânico apaga e silencia por meio da violência, das armas, do deus dinheiro, da sede de poder, o grito de dor de todo e qualquer ser humano vítima de um sistema econômico que serve a si mesmo e seus interesses.

O próprio Jesus, como Francisco, é condenado pela oligarquia religiosa de seu tempo, pelos fariseus, saduceus, doutores da lei que, em sua pessoa enxergam uma ameaça a seu poderio religioso que, em nome de Deus, continua oprimindo, excluindo, matando. Por isso se quisermos ser cristãos e seguir Jesus na realização da vontade do Pai, não podemos seguir a xenófoba ideologia integralista “das pessoas de bem”, porque como ele, e o Bispo de Roma o encarna bem, é preciso deixar as noventa e nove e prestar atenção àquela única ovelha para quem, no conceito dos demais já não vale a pena gastar energias e tempo.

Uma última provocação nos vem, neste ano Mariano, de nossa senhora, a Mãe de Jesus, figura silenciosa da manhã do sábado santo. Na sua pequena imagem, de jovem mulher negra, despida de mantos e coroas que ofuscam sua beleza, ela é a imagem de tantas “Marias” que vivem no silencio diariamente seu sábado santo de dor, em suas famílias, nos porões do cárcere, nas longas filas de espera e que não se arrendem à cultura de morte porque trazem, como a mãe de Jesus, no seu coração, a esperança do surgir de uma nova humanidade de paz e amor.

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