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domingo, 20 de agosto de 2017

Futebol: Transito entre o passado e o presente

Por Tostão, médico e ex-jogador, é um dos heróis da conquista da Copa de 1970.
Dias atrás, assisti, novamente, ao delicioso filme de Woody Allen, "Meia-noite em Paris". Um jovem escritor, sonhador, vai a Paris, viaja no tempo, para os anos 1920, e fica amigo de seus ídolos, como Hemingway, Picasso e Salvador Dali. Era o mundo em que sonhava viver. Ele conhece uma garota da época, chateada com a vida que levava e que queria viver na Belle Époque, na passagem do século. Os dois voltam ao tempo e se encontram com os artistas Gauguin, Toulose Lautrec e outros, todos insatisfeitos, sonhando em viver na Renascença.

O ser humano vive em falta de alguma coisa, que imagina encontrar em outro lugar, em outros amores, em outras situações ou em outras épocas. Busca um bem-estar e uma felicidade idealizada. Esta incompletude tem a ver com a angústia da finitude da vida. Para outros, com uma carência afetiva, uma ansiedade de percepção, diante da vida e do mundo.

No futebol, muitos acham que todos os jogadores e times do passado eram melhores, que não se faz, hoje, como era antes. Em minha adolescência, época de Pelé, Garrincha, Didi e Nilton Santos, muitos diziam que bons mesmo eram Zizinho, Di Stéfano e Puskás. Muitos torcedores me falam que os jogadores atuais só pensam em dinheiro, que não têm mais amor à camisa. Não é bem assim. Antes, os atletas ganhavam muito menos, mas eram muito mais amadores que profissionais. Atualmente, são mais responsáveis e se preparam melhor para as competições.

Assim como existem os saudosistas, encantados por fatos que existiram e/ ou imaginaram, há os modernistas, modernosos, fascinados pela tecnologia, pela estatística, pelo planejamento, com pouco senso crítico. Acham que a vida e o futebol começaram com a internet. Os iluministas, no século XVII, pensavam o mesmo. Diziam que a razão é o único guia infalível da sabedoria e que o mundo é uma máquina comandada por leis inflexíveis.

Coletivamente, o futebol evoluiu muito nos últimos 15 anos, e essas mudanças só chegaram ao Brasil com Tite, no Corinthians, e, agora, na seleção. As atuais equipes brasileiras seguem o mesmo caminho. Antes, predominavam os excessivos chutões, faltas e jogadas aéreas, os amplos espaços entre os setores, a marcação individual, a dificuldade de recompor, quando se perdia a bola, e muitas outras coisas.

Isso tem mudado, aos poucos. Os quatro semifinalistas da Copa do Brasil estão adaptados a um novo tempo, pois, quando perdem a bola, marcam com oito ou nove jogadores, e, quando a recuperam, avançam em bloco. São defensivos e ofensivos.

O Real Madrid, nas duas vitórias sobre o Barcelona, quando perdia a bola, marcava, mais recuado, com três pelo meio e dois jogadores pelos lados. Quando a recuperava, quatro dos cinco chegavam ao ataque. O Barcelona é a única grande equipe do mundo que não consegue recuar e proteger os zagueiros, que vivem correndo atrás dos atacantes. O Real, além de ter um elenco muito superior, joga um futebol moderno. O Barcelona terá de se reinventar. Quem sabe, Paulinho seja uma boa opção tática? Transito entre o passado e o presente, fascinado pela internet, que revolucionou a vida humana e, ao mesmo tempo, com distanciamento e estranheza. Depois que li a coluna de Ruy Castro, mestre da crônica, que ele não possui celular, perdi a vergonha de usar um que só faz e recebe ligações.

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