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domingo, 20 de agosto de 2017

Youtuber gay e evangélico promete 'pé no peito' e 'novo olhar cristão' na TV

 
Artur Vieira (foto) tinha quatro anos quando percebeu que era "diferente" dos três irmãos (um gêmeo) e da irmã. "Entendi que havia menino, havia menina e havia uma terceira coisa, que era eu."

Aos 11, caiu a ficha: do quinteto, só ele não era hétero. A epifania veio depois de ver Ney Matogrosso cantar e dançar num show na cidade natal do menino, Uberlândia (MG). "Foi aí que minha mãe me explicou sobre os gays."

Artur tinha 17 anos quando percebeu que era "diferente" do resto da família, todos católicos. "Sempre um buscador de Jesus", foi levado a uma Igreja Universal do Reino de Deus na Barra da Tijuca por uma colega da faculdade particular de jornalismo que cursava no Rio. Estava mal. "Tinha acabado o namoro com um rapaz, fui lá para consolar um coração despedaçado."

Desde então, Artur, 33, forma um binômio que já causou estranheza e mesmo desprezo tanto em igrejas quanto na comunidade LGBTQ. Ser gay e evangélico? Pode isso?

E por que não? Em "De Volta ao Reino", programa que nasceu no YouTube e estreou sábado (12) na Rede Brasil, ele adota o bordão "um novo olhar cristão". Apresentadores gays ou "crentes" há de montão, diz. Já esta é uma pioneira atração comandada por um "dois em um" (homossexual evangélico) na TV aberta.

Artur conta que usará o espaço para falar sobre toda sorte de preconceito que já enfrentou. "Você acha que vou deixar meus amigos serem massacrados pelo [Silas] Malafaia? Ele tem uma hora na [grade da] Band, você acha que nos meus 15 minutos não vou meter dois pés no peito?"

PECADO - O pastor que já patrocinou centenas de outdoor com o lema "Deus fez macho e fêmea" tem um programa na mesma Rede Brasil, o "Vitória em Cristo". O mineiro afirma que já deu ouvidos a líderes como Malafaia. Por anos, um pastor da igreja presbiteriana que frequentava na juventude o convenceu que gostar de alguém do mesmo sexo era pecado.

"Falou para que eu cortasse cabelo estilo militar, arranjasse uma namorada, parasse com a maquiagem", lembra o mineiro, que chegou para esta entrevista, num café na avenida Paulista, com pó facial, máscara para cílios, bandeira do arco-íris (símbolo LGBTQ), Bíblia e camiseta cinza com "Jesus" escrito nas costas em pedrinhas de brilhante.

O pastor também lhe recomendou a tal da "cura gay". Expulsar o "demônio da homossexualidade", disse, exigia sacrifícios. Ele mandava Artur jejuar mais (pular o almoço, por exemplo), elencar os garotos com quem já transou e renunciar a eles, subir um monte para lá no topo ser ungido com um "óleo especial".

Artur tentou de tudo, até noivar com uma moça da igreja. "A gente nem beijava, só pegava na mão." Ainda assim, decidiu ir em frente: encomendaram vestido de casamento e planejaram lua de mel. "Paris. Bem bicha, né?"

Enfim tomou coragem e desmarcou o casório –mas ainda sem coragem para sair do armário. "Passei um tempo no hiato, não era nada."

DIZ A BÍBLIA - A aceitação começou a chegar após conhecer a teologia inclusiva, ramo que aproxima minorias e discurso religioso. Exemplo: Artur identifica ao menos sete passagens bíblicas que de fato condenam a homossexualidade, como este versículo do Antigo Testamento: "Não te deitarás com um homem como se fosse mulher: isso é uma abominação".

Mas ele lembra que há trechos bíblicos com vetos que ninguém leva a sério hoje, vide um do livro "Coríntios": "As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar". "Isso as pessoas não lembram, principalmente as pastoras que condenam nós, os homossexuais", argumenta Artur.

A seus seguidores no Facebook aconselha: "A Bíblia é imutável. Porém precisamos fazer uma análise crítica/temporal do contexto em que ela foi escrita. Simples assim".

A fé é outra potencial fonte de bullying. É comum ouvir tiradas como "é crente, mas é gente boa", afirma. Isso quando a raiva por Artur ser um gay evangélico não é escancarada. "No começo, ativistas [LGBTQ, de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queers] acabavam comigo por achar que eu era líder de igreja." Sua meta na TV, afirma, é "desmistificar muros de preconceito".

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