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sábado, 16 de dezembro de 2017

Editorial - Estadão: Policiais também são vítimas

As impressionantes estatísticas sobre os policiais feridos ou mortos em São Paulo voltam a chamar a atenção para um aspecto grave do combate à criminalidade, que nem sempre é levado na devida consideração. Um julgamento objetivo e isento da ação de todos os atores envolvidos no esforço para melhorar a segurança pública – que há muito se tornou um dos problemas que mais afligem a população – é fundamental para que se tenha êxito nessa empreitada. Os números a respeito levantados por reportagem do Estado são um elemento importante para fazer esse juízo.

No que se refere aos feridos, de 2015 até agora, informações obtidas nas Juntas Médicas da Diretoria de Saúde da Polícia Militar (PM) indicam que foram 3.131 os policiais, homens e mulheres, afastados do trabalho por terem sido atingidos por tiros ou facadas, atropelados ou vítimas de outros acidentes durante o serviço ou nos períodos de folga, sempre por bandidos. Muitos deles sofreram lesões que os incapacitam permanentemente para a função policial. Como diz um desses policiais, que ficou paraplégico e faz fisioterapia no Centro de Reabilitação da PM, constatando a vulnerabilidade e o alto risco da profissão policial: “Somos treinados para ser super-heróis, mas na verdade não somos”.

O retrato da violência que atinge os policiais – que muitas vezes passa despercebida pela população, por ser ela a principal vítima dos bandidos – se completa com os números, ainda mais graves, referentes às mortes. Foram 1.147 policiais militares mortos em todo o Estado, desde 2001. Para ter uma ideia do que significa esse número, ele representa a média de um morto a cada cinco dias. Ou então: ele equivale a dois batalhões da corporação perdidos no combate ao crime naquele período.

Os dados da Corregedoria da PM indicam que a capital, onde se concentra mais de um terço (30 mil) dos 88 mil PMs, registrou quase metade das mortes de policiais: 494, ou 43% do total. Em seguida vêm os demais municípios da Grande São Paulo (207), a Baixada Santista (83) e a região de Campinas (59). Números que são mais uma confirmação de que a criminalidade se espalhou pelo Estado, embora os focos mais graves continuem sendo a capital e o conjunto dos demais municípios que constituem a Grande São Paulo.

O fato de a maior parte – 85% – dos assassinados ser de policiais que estavam de folga não significa que eles não sejam vítimas de bandidos. A maioria (49,5%) foi vítima de atentados ou de roubos (21,4%), de acordo com investigações feitas pela Corregedoria. Além disso, segundo o coronel Marcelino Fernandes da Silva, comandante da Corregedoria, a morte ou a tentativa de homicídio (caso em que devem ser considerados também os feridos, cujo número é muito maior) “acontece principalmente em decorrência da profissão”.

Os dados levantados pelo Estado colocam em destaque, de forma dramática, aquilo que nem sempre é evidente para a população, isto é, que os policiais podem ser tão vítimas como ela da violência dos bandidos. O que leva, às vezes, à falsa impressão de que ambos não estão exatamente no mesmo barco é o comportamento de um certo número de policiais, que com frequência ultrapassa os limites do rigor que caracteriza a profissão e descamba para a violência, seja contra bandidos já dominados, seja na abordagem de pessoas de bem.

Isso explica o alto índice de letalidade – mortes em confronto com policiais militares ou civis – da força policial. Basta dizer que no primeiro semestre deste ano as mortes causadas por policiais em todo o Estado foi de 459, o maior número dos últimos 14 anos.

Tanto a PM quanto a Polícia Civil insistem em que há um esforço permanente para fazer baixar a taxa de letalidade, assim como para melhorar o tratamento dado por seus agentes aos cidadãos comuns. É bom que seja assim, porque a cooperação entre polícia e população – cuja necessidade é ressaltada por dados que demonstram serem ambas vítimas da violência – é fundamental para o combate ao crime.

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