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quarta-feira, 14 de março de 2018

Câmara flexibiliza horário de transmissão do programa Voz do Brasil

Em mais uma sessão marcada por tentativas de obstrução, deputados aprovaram em plenário ontem (13) um texto substitutivo apresentado pelo Senado ao Projeto de Lei 595/2003, que altera os horários de transmissão do tradicional programa Voz do Brasil, fixando tal faixa entre 19h e 22h – o conteúdo não pode ser veiculado a partir deste limite. Já analisada pelos senadores, a matéria segue para sanção presidencial.

Na prática, o projeto põe fim à obrigatoriedade da transmissão, por parte das emissoras comerciais privadas, sempre às 19 horas. No entanto, os veículos de comunicação devem informar ao ouvinte, sempre nesse horário, que a Voz do Brasil não deixará de ir ao ar naquele dia, e que a transmissão será limitada às 22 horas.

Rádios educativas continuam obrigadas a manter a veiculação às 19 horas, bem como as emissoras vinculadas aos poderes legislativos em dias sem sessão deliberativa de plenário. A regra vale para emissoras dos legislativos federal (Câmara e Senado), estadual (assembleias legislativas e distrital) e municipais (câmaras de vereadores). Caberá ao Executivo regulamentar casos especiais de flexibilização e/ou dispensa de retransmissão do programa.

Segundo o Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei 4.117/62), vigente desde 1962, não há subdivisão no tempo do programa reservado às notícias do Congresso, razão pela qual as regras de divisão do tempo total (60 minutos) passam a ser explicitadas na nova legislação. Por outro lado, mantém-se no projeto os tempos destinados à Câmara, ao Senado, ao Judiciário e ao Executivo (25 o minutos para o Executivo; cinco para o Judiciário; dez minutos para o Senado; e 20 minutos para a Câmara.

Debate
Durante as discussões de plenário, deputados contrários à alteração alegaram que grande parte da população já se acostumou ao horário do programa, há mais de 30 anos veiculado às 19h – o ritual radiofônico acabou por dar ao programa, que tem caráter governamental, o bordão “Em Brasília, 19 horas”. Nesse sentido, parlamentares defenderam o direito constitucional à informação e lembraram que trabalhadores rurais, por exemplo, têm o costume de dormir cedo e muitos só o fazem depois de ouvir as informações dos três Poderes.

PCdoB, Rede e Psol protagonizaram as reclamações contra a matéria. “Eu vi o presidente ilegítimo Michel Temer fazendo loas a uma conquista que efetivamente é do povo brasileiro, o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, assinado no governo Dilma. Esse foi um dos poucos projetos estratégicos das Forças Armadas concluídos, e o presidente Temer disse que tinha sido uma obra do seu governo. Eu pude escutar isso e pude escutar também as vozes da oposição que cotidianamente denunciam a desconstrução que está em curso neste país. E esta Casa pode cometer a irresponsabilidade de tirar a voz da pluralidade do pensamento político do país”, declarou em plenário a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), para quem a flexibilização é um “golpe na pluralidade do pensamento”.

Por outro lado, defensores da mudança defenderam que os tempos mudaram e que o horário do programa deveria acompanhar os movimentos da sociedade. líder do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo (CE), vocalizou a defesa do texto e disse que, com a flexibilização, o alcance do programa será ampliado. Para André, rádios legislativas, por exemplo, poderão veicular as sessões de plenário sem interrupção da Voz do Brasil.

“A Voz do Brasil é um dos programas que temos a missão de defender. Mas, evidentemente, os tempos hoje são outros”, argumentou o pedetista, para quem trabalhadores urbanos, que consomem horas de seu cotidiano em deslocamento casa-trabalho, terão mais chances de acompanhar o programa.

Durante a votação da matéria, dois destaques foram aprovados para retirar conteúdos enxertados no texto por senadores. Um deles restabeleceu redação da Câmara que assegura a transmissão do programa, na íntegra, dentro de uma janela de transmissão que fixa o intervalo das 19 horas às 22 horas, das segundas às sextas-feiras.

Hora do Brasil
O primeiro nome do programa foi “Programa Nacional”. Entre 1935 e 1962, o noticiário passou a ser chamado de “Hora do Brasil”. Nos mais de 80 anos de transmissão, período que engloba duas ditaduras, o caráter nacionalista sempre marcou a identidade do programa – cabe mencionar que, com a ascensão de Michel Temer à Presidência, a vinheta de abertura, que ganhou versão de capoeira nos governos Lula (2003-2010), voltou a ter tema de inspiração militar.

No ar desde julho de 1935, a Voz do Brasil já foi transmitido com diferentes nomes até 1971, quando adotou o atual título. Só em 1962, quando entrou em vigor o Código Brasileiro de Telecomunicações, o Poder Legislativo ganhou o direito de ter suas informações noticiadas na segunda metade do programa, que transmite uma hora de noticiário.

Em 2016, a matéria tramitou como medida provisória. Naquele ano, que marcaria a saída definitiva de Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, em 31 de agosto, a oposição da época (PSDB, DEM, etc) acusou a linha editorial do programa de defender a petista contra os defensores do processo de afastamento.

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